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Solar

Novos desafios no mercado de módulos fotovoltaicos

28/03/2024
Alguma vez se questionou sobre quais são os desafios tecnológicos e logísticos atuais no mercado ibérico? Entrevistamos os nossos principais fabricantes: Trina Solar, JA Solar e LONGi Solar, onde partilhar consigo as mais recentes novidades tecnológicas, as estratégias que têm perante os desafios do mercado e explicar as chaves para ter êxito no mercado europeu.
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O mercado fotovoltaico europeu encontra-se num momento de mudança, com desafios como a escassez de módulos e as flutuações no preço das matérias-primas. No entanto, espera-se que a situação estabilize nos próximos meses, com maior disponibilidade de módulos e preços mais competitivos.

Por esse motivo apresentámos uma série de questões aos nossos principais fabricantes: TRINA SOLAR, JA Solar e LONGi Solar.

Aqui irão partilhar as suas mais recentes inovações tecnológicas, a estratégia que têm perante desafios logísticos e irão falar-nos do motivo pelo qual os instaladores que se adaptem às novas tecnologias e colaborem com fornecedores fiáveis estarão melhor posicionados para ter êxito neste mercado em constante evolução.

 

Trina Solar

 

JA Solar

 

LONGI

TRINA SOLAR

Sandra Albornoz

Team Lead Sales Distribution Southern Europe

JA SOLAR

Javier Alonso

Senior Sales Manager PV

LONGi 

Clara Manfort

Senior Sales Manager Spain & Portugal

 

1. Quais são as principais causas da falta de stock de módulos na Europa?


LONGi

São vários os fatores que estão a provocar uma carência de stock de módulos na Europa. Em primeiro lugar, apesar de a capacidade de produção ser hoje superior à demanda, estas não têm necessariamente de coincidir no tempo, uma vez que alguns países como a China têm uma demanda sazonal que faz flutuar muito o stock. Para além disso, desde finais de 2023 que se trabalha para reduzir o stock disponível na Europa, especialmente de módulos PERC, uma vez que muitos fabricantes abandonaram esta tecnologia para abraçar outras novas que ainda estão na curva de crescimento.

Foi precisamente esta mudança em massa para novas tecnologias outra das razões que provocou uma falta de volume, pelo menos até que se incremente a capacidade de produção destas novas gerações de módulos.

Por último, a crise no Mar Vermelho está a afetar o envio de novos stocks para a Europa. As armadoras tiveram de redesenhar as suas rotas e isso faz com que os stocks cheguem ao nosso continente de maneira mais escalonada, apesar de esta conjuntura não ser exclusiva do nosso setor.

TRINA SOLAR

Na Trina Solar reparámos que, durante o último trimestre do ano passado, houve uma demanda mais baixa do que o antecipado em vários mercados europeus, atribuível principalmente à instabilidade do preço. Estimava-se que o nível de existências na Europa, tanto nos armazéns de distribuidores como nos de instaladores ou empresas EPC, era consideravelmente elevado. Em consequência, o envio de materiais previsto para o primeiro trimestre do ano foi programado em função desta informação. No entanto, durante os primeiros meses do ano, vários mercados experimentaram uma reativação inesperada, o que levou a uma estabilização dos preços e à rápida redução dos níveis de stock existentes nos armazéns. Como resultado, a demanda aumentou mais rápido do que o inicialmente previsto. Além disso, o transporte marítimo viu-se afetado pelo conflito no Mar Vermelho, o que resultou num aumento do tempo de trânsito de duas para três semanas.

JA Solar

O fecho do ano 2023 foi marcado por um incremento notável na demanda, tendência que perdura até ao presente. Esta demanda crescente conduziu a uma redução nos níveis de inventário, especialmente no mercado de Espanha e Portugal, principalmente de tecnologia P-Type. O excesso de inventário experimentado por fabricantes e por distribuidores no ano anterior não ajudou à realização de previsões de compra, necessária para a alta demanda deste primeiro trimestre. Este facto, acrescido às demoras nos envios devido ao Ano Novo Chinês e aos desafios logísticos no transporte marítimo, resultaram numa escassez de produtos, particularmente evidente durante o mês de fevereiro deste ano. No entanto, apesar destes desafios, a JA Solar experimentou um aumento nos seus volumes de vendas no mercado espanhol em comparação com o mesmo período do ano passado.

2. Estão a ser tomadas medidas para aumentar a produção e reduzir os prazos de entrega? E para melhorar a logística e distribuição de módulos na Europa?  


LONGi

Por um lado, a LONGi incrementou já em 2023 a capacidade de produção dos seus módulos Hi-MO X6 com tecnologia HPBC, situando-se como a principal fabricante de back contact a nível mundial. O fornecimento desta família de módulos está assegurado, com mais de 60 GW de produção para 2024.

Por outro lado, na LONGi apostámos por melhorar o serviço e a disponibilidade do nosso produto, dando suporte a nível local ao nosso canal de distribuição. Neste sentido, habilitámos uma rede de armazéns descentralizados em diferentes pontos da península que facilitam essa imediatez nas entregas.

TRINA SOLAR

Claro, na Trina Solar estamos a priorizar o envio para a Europa para satisfazer as demandas dos diversos mercados da região. Promovemos um enfoque colaborativo com os nossos parceiros, baseando-nos em previsões realistas, e priorizamos fechar acordos-quadro a longo prazo, principalmente em épocas de alta demanda. Esta colaboração é fundamental para uma planificação efetiva e para o cumprimento dos prazos de entrega acordados. Desde uma perspetiva logística, contamos com vários armazéns estrategicamente localizados, e equipas locais dedicadas em cada mercado, proporcionando um suporte integral à nossa rede de distribuição local e gerindo as necessidades específicas de cada cliente.

A presença robusta da Trina Solar na Europa, com mais de 300 funcionários, é um dos nossos pontos fortes e permite-nos oferecer um serviço excecional e uma resposta ágil às demandas do mercado em constante evolução.

JA Solar

A JA Solar, como uma das principais lideres no mercado europeu de módulos fotovoltaicos, tem o compromisso de continuar a abastecer o mercado com produtos de última tecnologia para o ano 2024. Para isso, realizámos importantes investimentos para aumentar as linhas de fabrico até alcançar os 95 GW de capacidade. Para além disso, e como temos vindo a fazer nos últimos anos, continuamos a trabalhar em estreita colaboração com os nossos distribuidores com o objetivo de fazer previsões de compra que nos permitam adiantar-nos e estarmos preparados para a demanda do mercado atual.  Quanto à logística, a JA Solar conta desde há vários anos com armazéns localizados por toda a Europa, o que nos permite agilizar as entregas e reduzir os prazos de entrega para os picos de demanda não previstos.  

 

3. Como impactaram as últimas flutuações no preço das matérias-primas no preço final dos módulos? 

 

LONGi

O mercado encontra-se bastante estável no que se refere a preços de matéria-prima. Com o silício em preços mínimos, não parece haver muito caminho para uma descida maior a curto prazo. Além disso, o N-type subiu o seu preço em maior medida que o P-type. Para compensar esta diferença, a espessura de wafer de N-type está a reduzir a um nível médio de 130 micras, enquanto o standard de P-type continua a estar em torno das 150 micras.

Por outro lado, o transporte marítimo subiu de preço devido ao conflito no Mar Vermelho e espera-se que esta conjuntura se mantenha durante mais alguns meses. Portanto, não esperamos descidas muito significativas nos preços. De facto, nos últimos tenders na China o preço do módulo incrementou.

TRINA SOLAR

As flutuações no preço das matérias-primas, como o silício e o alumínio, impactam diretamente no custo final dos módulos fotovoltaicos. Por exemplo, um aumento no preço do silício, assim como pastilhas ou células incide, sem dúvida, nos custos de fabrico. O mesmo acontece com o alumínio, utilizado nos marcos e suportes dos painéis. Portanto, enquanto fabricantes devemos ajustar as estratégias de compra para manter a competitividade no mercado e assegurar a viabilidade dos projetos.

JA Solar

As flutuações do preço das matérias-primas tiveram um impacto significativo no preço final dos módulos fotovoltaicos. Em particular durante o ano de 2023, a referida redução do preço das matérias-primas desencadeou uma redução dos custos de fabrico dos módulos fotovoltaicos. Este fenómeno foi acentuado pelos altos níveis de existências de produto na Europa.

 

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4. Como preveem que evolua a situação do mercado nos próximos meses em termos de disponibilidade, preço e tecnologia? Preveem que os preços dos módulos estabilizem ou continuem a reduzir a curto prazo? 


LONGi

Como parece que no silício não há muito mais percurso para a baixa, se não tivermos em conta outros fatores políticos e macroeconómicos (taxa de câmbio, impostos alfandegários e outras políticas nos EUA) acreditamos que a disponibilidade e o preço irão depender das curvas de crescimento de fabrico em massa, tanto do N-type como das novas tecnologias back contact ou TOPCon. Neste sentido, a LONGi conta com a vantagem de ser uma fabricante verticalmente integrada, pelo que a disponibilidade dos seus produtos está assegurada.

TRINA SOLAR

Isto irá depender de vários fatores, cada mercado tem as suas características. Em Espanha, por exemplo, a agilização dos processos administrativos será crucial para impulsionar as tramitações, conexões e legalizações, ao passo que políticas governamentais claras podem facilitar ainda mais a transição energética e oferecer um apoio sólido ao setor fotovoltaico. Quanto à disponibilidade e aos preços dos módulos, espera-se que se mantenham estáveis mas, como sempre, estarão sujeitos à dinâmica de oferta e procura. No entanto, desde uma perspetiva tecnológica, antecipamos que a tecnologia N-type i-TOPCon irá marcar uma grande diferença este ano. Na Trina Solar apostámos por esta tecnologia e já estamos no processo de fabrico em massa, o que representa uma transição muito mais rápida e uma promessa emocionante para o futuro do mercado fotovoltaico.

JA Solar

Por tudo o comentado antes e pelo forte compromisso da JA Solar com o mercado europeu, prevemos uma melhora substancial da disponibilidade durante o resto do ano em comparação com a primeira parte deste 2024.  Ao longo dos próximos meses observamos uma estabilização nos preços, principalmente nos módulos de alta eficiência, tecnologia N-type, nos quais a JA Solar se converteu numa das líderes mundiais no que se refere a capacidade.

 

5. Que estratégias recomendam aos instaladores para enfrentar as alterações de preços e as possíveis incidências nos fornecimentos? E a nível tecnológico, qual consideram que deveria ser o enfoque? 

 

LONGi

Atualmente, estamos a atravessar um período muito interessante no qual há muitas alternativas no mercado. Parece o momento apropriado para que os distribuidores e instaladores façam uma pausa e analisem bem as opções que se apresentam. Por um lado, a marca, e para isso podemos guiar-nos pelos diversos relatórios sobre solvência económica elaborados por empresas de prestígio reconhecido como PV Tech, Bloomberg ou TUV. Por outro lado, outros fatores como a disponibilidade, a qualidade do produto ou as garantias que se oferecem. E, por último, a tecnologia, a fiabilidade e a eficiência dos módulos.

Novamente aqui, na questão tecnológica, encontramos uma vasto leque de opções. A nossa recomendação é a aposta pela diferenciação com um produto seguro e de qualidade. Parece que a tecnologia HPBC da LONGi é, precisamente, a que vai marcar a diferença. Pela sua melhor estética, eficiência e rendimento, o Hi-MO X6 está melhor posicionado do que outros módulos. Para além disso, os novos painéis com características especiais como o antipó e o anti-humidade, que estão para chegar em 2024, farão pender a balança.

Perante o instalador, são de vital importância este tipo de escolhas, juntamente com a seleção do distribuidor apropriado que lhe possa dar disponibilidade e um bom serviço.

TRINA SOLAR

É fundamental uma estratégia a longo prazo: estabelecer acordos com os seus fornecedores pode garantir um fornecimento estável e preços preferenciais. A nível tecnológico, é crucial manter-se informado sobre as formações técnicas que tanto fabricantes como distribuidores organizam ao longo do ano. O setor fotovoltaico distingue-se pelo seu constante dinamismo e inovação. Está a ser realizado um considerável investimento em investigação e desenvolvimento com o objetivo de melhorar a eficiência e reduzir os custos associados. A Trina Solar, por exemplo, foi pró-ativa no desenvolvimento de soluções específicas, tanto para instalações residenciais como para aplicações comerciais e industriais (C&I), diferenciando o uso destes módulos com vantagens claras para cada tipo de uso. Estas iniciativas representam não apenas avanços significativos em termos de tecnologia, mas também refletem o compromisso da Trina Solar com a inovação contínua e a adaptação às necessidades mutáveis do setor.

JA Solar

É fundamental que os instaladores mantenham uma comunicação estreita com os seus distribuidores para receber orientação sobre disponibilidade e preços em futuros fornecimentos.

É certo que o mercado a nível tecnológico cresceu em diversidade e permite ao instalador ter mais opções do que no passado. Por exemplo, durante o ano corrente a JA Solar tem a intenção de manter as duas tecnologias principais atuais, P-Type e N-type. Observando a evolução do mercado, é provável que a demanda de tecnologia P-type, apesar de madura e fortemente estabelecida, diminua gradualmente nos próximos meses. No entanto, continuou a ser predominante no setor residencial e comercial-industrial ao longo deste primeiro trimestre. Olhando para o futuro, acompanharemos os nossos clientes nesta transição tecnológica graças à nossa vasta gama de produtos de alta eficiência.

A modo de exemplo, os nossos principais produtos no mercado espanhol que utilizam tecnologia P-Type, como o JA72S30MR 550Wp-555Wp e o JAM66S30 500-505Wp, contam agora com equivalentes em tecnologia N-Type, como o JAM66D42 MB 575Wp-580Wp e o JAM60D42 MB 520-525Wp. Estas novas opções destacam-se pela sua menor degradação e maior eficiência. Foram designadas linhas de fabrico específicas para satisfazer a demanda do mercado ibérico para todos estes produtos.

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6. Como podem a Amara NZero e você trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios do mercado atual?  

LONGi

A elaboração de um bom forecast é de crucial importância para facilitar o trabalho a médio e longo prazo. Para além disso, na LONGi colaboramos com a Amara NZero para assessorar os seus clientes e lhes mostrar todas as vantagens dos nossos produtos.

TRINA SOLAR

O conhecimento profundo do mercado e a experiência são fundamentais para antecipar mudanças e ajustar estratégias em consequência. Tanto a equipa da Amara NZero como a da Trina Solar estão completamente preparadas e alinhadas para enfrentar estes desafios, o que nos permite aproveitar as oportunidades e minimizar os riscos de maneira eficiente. A colaboração estreita entre ambas as partes é chave para tomar decisões informadas e maximizar o êxito no mercado.

JA Solar

A Amara NZero e a JA Solar estão completamente preparadas para enfrentar dois tipos de desafios que o mercado ibérico demanda:

Desafios tecnológicos: relacionados com a evolução das tecnologias fotovoltaicas.

Desafios logísticos: relacionados com a cadeia de fornecimento e a distribuição dos produtos.

Na atualidade, o desafio principal é a comunicação. Ambos somos capazes de dialogar sobre qualquer decisão e minimizar os riscos para os nossos instaladores, assegurando futuras oportunidades de crescimento.